Polinização e amor com final feliz: pelo menos para as plantas
- pitadadeciencia
- 8 de out. de 2015
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A reprodução por meio de gametas não é coisa apenas de animal. De forma parecida, as plantas também produzem gametas masculinos, que ocorrem nos grãos de pólen, e gametas femininos, no interior dos ovários das flores. Mas de forma diferente como ocorre nos animais, nas plantas não ocorre o ato sexual, a cópula propriamente dita. Para isso, esses organismos desenvolveram no decorrer da evolução um repertório intrincado, e muitas vezes curioso e até extravagante, para que o gameta masculino chegue até o feminino para que haja a fecundação e, por consequência, a formação das sementes. Esse processo é a polinização.
O surgimento da primeira flor ocorreu provavelmente durante o Cretáceo, cerca de 140 milhões de anos atrás, o que deve ter sido a causa, ou consequência, da diversificação de diversos grupos de insetos. E isso não se deveu ao acaso: os insetos foram (e são) animais de extrema importância para a reprodução das plantas com flores.
As flores nada mais são do que uma reunião de folhas especializadas que produzem os gametas e elas foram o passo crucial para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da polinização. Enquanto que muitas espécies de plantas dependem exclusivamente do vento para que os grãos de pólen sejam carregados e levados ao encontro do gameta feminino, muitas flores foram moldadas no decorrer de milhões de anos para a atração de insetos, aves, morcegos ou outros animais. As plantas assim desenvolveram uma relação muito estreita, íntima, com esses animais, fazendo com que esses trabalhem para elas levando o pólen de uma flor para outra. E, para isso, vale qualquer tipo de trapaça.
Os polinizadores são atraídos para a flor geralmente pela coloração ou mesmo perfume. Esses podem ser indicativos de uma refeição, na forma de néctar ou pólen, ou mesmo de um perfume especial. Diversas espécies de abelhas do sexo masculino procuram fragrâncias nas flores, como em orquídeas, para então se banharem e se tornarem atraentes para as suas respectivas pretendentes do sexo oposto. Para algumas apocináceas, as flores imitam carniça, como de um corpo de pequeno animal em decomposição, além de produzirem um cheiro de carne podre. Moscas são assim atraídas ao engodo, depositando seus ovos na esperança de estarem fornecendo uma refeição garantida para a sua prole. A morte será certeira para as larvas, porém as mamães desatentas acabam por transportarem os grãos de pólen de uma flor a outra, efetivando assim a polinização. Outras espécies de plantas ainda se utilizam de estratégias muito mais complexas, como é o caso de algumas orquídeas.
Algumas flores de orquídeas são a imitação quase que perfeita de uma abelha fêmea. Não apenas se parecem na forma e cores com a abelha, como também produzem um perfume muito parecido com aquele produzido pelas abelhas à espera de um pretendente. E essa fórmula é irresistível para os machos desavisados e ávidos para o acasalamento. Tão logo pouse na flor, a sua suposta “amante”, o pobre enlouquecidamente tenta se encaixar e proceder à cópula e, durante esse processo frenético, acaba se prendendo a uma pequena sacola de grãos de pólen que será transferida para a próxima candidata ao namoro.
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